Gisela Mendonça - professora de ballet no Templo das Nações Foto divulgação. |
Dançar
não se resume apenas à aquisição de habilidades. Além de descontração,
desenvoltura, disciplina e uma notável melhora na postura do bailarino, ela
contribui para a formação cultural da sociedade e auxilia em processos
terapêuticos. Como prática pedagógica, a atividade favorece a criatividade, a
construção de conhecimento e a sociabilidade.
As
danças em grupo surgiram através de rituais religiosos e depois, passaram a
aparecer em jogos olímpicos, nas comemorações sociais, em festas da nobreza e
também como recreação. Aos poucos foi se transformando em atividade social
acessível a todos, como por exemplo, as danças de salão.
No
Brasil, a dança sofre influência de diversas culturas, como a africana, a
europeia, a mourisca e a indígena. São ritmos diversos que variam de acordo com
cada região brasileira e aptas a atender todos os gostos.
Para
a professora de dança do ventre Clarice Garibaldi, 44, a dança é fundamental para
a manifestação dos sentimentos através da expressão corporal e, assim como
qualquer outra manifestação artística, traduz o universo íntimo do bailarino.
“Quanto à dança como cultura, todos os órgãos mantenedores da educação deveriam
ser patrocinadores da atividade para que mais pessoas tivessem acesso às
múltiplas modalidades de dança e fossem beneficiadas pelas vantagens que ela
traz, tanto físicas quanto psicológicas”, destaca.
Em
Santa Maria, há três estúdios que oferecem dança do ventre. Segundo Clarice,
crianças a partir de cinco anos podem participar, além de jovens e adultos de
todas as idades. “A dança do ventre é recomendada especialmente para mulheres
que já trataram câncer, pois além de melhorar a autoestima, é uma atividade
lúdica e prazerosa”, assegura a professora.
Levar
dança clássica à população carente é um desafio para a professora Gisela
Mendonça, 32. Ela explica que esta arte é restrita às elites, portanto, poucas
pessoas têm a oportunidade de praticá-la. “A sociedade civil tem se organizado
para tomar este espaço que é pouco explorado ao proporcionar aulas de balé em
algumas ONGs (Organização Não Governamental), pois somente escolas particulares
oferecem essa modalidade aos seus alunos”, ressalta.
Espetáculo de Natal no Templo das Nações Bailarinos: Lucas Oliveria e Ane Passarini Foto: Fabrício Campos |
A
característica elitizada do balé vem desde a sua origem, pois se investia nesta
cultura para a manutenção do status quo dos
reis e das rainhas. O balé se perpetua através dos tempos, pois peças que eram
dançadas no século XVI são dançadas até hoje. Dessa forma, essa arte tem o
poder de perpetuar a cultura e passar valores de geração em geração por
intermédio da história e dos credos, pois as pessoas acreditavam que as
coreografias enfatizavam as mulheres como deusas e traziam os espíritos da
época. Assim como a literatura, o balé carrega características das fases do
modernismo, do romantismo e do barroco e assim, acompanha os ideais de acordo
com cada época.
Segundo
Gisela, tem que haver muita disposição do professor para alcançar a população
desprovida economicamente. “Em primeiro lugar tem que fazer acontecer, se
dispor e só depois pedir apoio da Prefeitura ou Secretaria de Cultura da
cidade. Além disso, Santa Maria tem apenas uma escola de balé com alto nível
técnico”, enfatiza.
Quanto
ao ofício de ensinar, a instrutora explica que a dança requer disciplina rigorosa.
Isto se torna um desafio, pois a geração da pós-modernidade não quer resultados
em longo prazo e sim imediatos. “O aluno não vai girar quatro piruetas na hora,
isto pode demorar muito. Tem que ter rigor técnico e estudar, pois balé não é
modismo, é uma arte clássica”, destaca Gisela.
Além
de arte, a dança é terapia para a secretária Ester Barcellos, 29,que dança contemporâneo
há nove anos. Essa modalidade conserva a postura do balé, porém é menos
delicado, ou seja, os movimentos são mais naturais. Para ela, a dança ajuda a
melhorar a postura e a qualidade de vida, já que cuidar da alimentação é pré-requisito
para movimentar-se com eficiência.
A
secretária conta que começou a dançar na igreja e a partir dali começou a se
especializar, pois além da técnica, estudou a história do balé e do
contemporâneo. Quanto às dificuldades, explica que o alto custo das
mensalidades e o preço dos materiais impedem muitas pessoas de praticar essa
belíssima arte. “Embora existam leis de incentivo à cultura, elas só funcionam
na teoria. O professor de balé praticamente paga para dar aulas, é por amor
mesmo”, desabafa
Dançar requer dedicação e disciplina. Foto divulgação. |
Ester,
que dá aulas de dança para adolescentes no Parque Pinheiro Machado, incentiva a
todos a dançarem, pois os benefícios são muitos, entre eles, vencer a timidez. “Gosto
muito de repartir o que aprendi. Muitas pessoas estressadas e preocupadas
encontram na dança alívio para seus problemas. Vale à pena”, conclui.
Quem
quiser aprender dança deve matricular-se em uma escola especializada. As
modalidades são muitas: balé, dança do ventre, jazz, contemporâneo, dança de
salão, etc. Além do investimento financeiro, o bailarino deve dispor de tempo,
dedicação e disciplina para desfrutar dos benefícios que a dança oferece. Calce
as sapatilhas e comece hoje!
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