Hoje, na hora do
almoço, assistia o noticiário, como de costume. Enquanto insistia para o meu
caçula comer as últimas garfadas, tarefa árdua, pois os meninos de seis anos
dizem que não precisam de comida, passavam no jornal os fatos importantes do
dia. Entre acidentes, prêmios, cidadania, agenda cultural, etc., seguia o rumo
do JA.
A seguinte manchete fez com que o alimento perdesse o
sabor. “Bebê recém-nascido é abandonado nesta madrugada.” Na hora questionei ser
esta uma das noites mais frias do ano. Na hora lamentei ao saber que a menina
ainda estava com o cordão umbilical. No mesmo instante quis chorar. Afinal, por
quê?
Porém, no mesmo dia, leio no diário a história de dois
meninos que perderam a mãe, vítima de câncer, ainda pequenos. Alegro-me com a
informação de que a nova mãe, escolhida por eles, teve o direito de colocar o
nome dela em suas certidões de nascimento.
Quem disse que o amor está apenas nos laços sanguíneos? Onde
está escrito que há limites genéticos para o amor? Como pode uma mãe abandonar
ao relento um filho indefeso que acaba de parir? Como pode outra “mãe”, abrir
mão da individualidade e liberdade para aquecer em sua casa e coração dois
meninos, filhos de “outra”? Quem é mais mãe? Quem é mais filho?
Não poderia deixar de citar as Escrituras. Deus fala que
somos filhos por adoção. Ele nos amou, escolheu e nos separou para ele. Além
disso, acrescenta que não há diferenças entre seus filhos, quer judeus, quer
gregos, quer brasileiros. Somos seus filhos, herdeiros legítimos de suas
promessas.
Infelizmente, não é possível obrigar as mães a não abandonarem
seus filhos recém-nascidos, o que para mim é tentativa de assassinato, pois há
tantas pessoas que podem ajudar, acolher, adotar. Não quero nem posso condenar
ninguém, mas não consigo compreender.
Fica a mensagem do dia: Há muitos filhos para serem
acolhidos. Há muito amor para repartir com quem não tem. Às vezes insistimos em
conquistas tão perecíveis que não enxergamos a necessidade alheia. Parabenizo a
família de São Francisco de Assis! Torço pela menina de Nova Santa Rita. É isso!
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