sexta-feira, 17 de agosto de 2018

"Quem faz tudo, não faz nada"

Uma professora me disse isso, referindo-se a pessoas que são ativas, dizem sim, abraçam atividades e que adoram ajudar todo mundo. Logo pensei o quanto tanta disposição é legal. Afinal, há tanta gente que nunca pode fazer nada. Poder contar com quem logo levanta a mão e vai é ótimo. Só que não!


Demorou uns dias (tá, eu tenho um atraso para entender indiretas) para eu perceber que aquela querida mestra referia-se a mim também. Gentilmente e com sutileza, quis aconselhar-me ou, fazer-me entender que não havia condições humanas para fazer tudo o que eu me comprometia a cumprir. Basta perguntarem: "Alguém pode?" Lá estava eu com o braço levantado pronta e feliz em executar mais uma missão.

Não é segredo para ninguém o quanto preciso de mentoreamento. Se me deixarem por conta, a coisa fica difícil de controlar. Apaixonada, intensa e proativa, quero resolver o mundo e algumas vezes (confesso) a vida alheia. Conselhos, exemplos, ações que podem fazer bem para outros são fichinha na minha agenda emocional.

Mas falemos disso outro dia. Talvez amanhã. Cá estou eu misturando as estações. E quem escreve a respeito de tudo, deixa a mensagem vazia, confusa e no ar.

Então! Vamos lá! Pego roupas para dobrar, mas logo quero pintar a unha (o que não combina muito, né?) Convenhamos. Então, deixo a roupa para quando a unha secar e saio sem a roupa dobrada e com a unha sem esmalte.

Desde que comecei o texto, já fiz chimarrão, levei o cachorro para passear e cortei fruta. (Socorro!)

Ontem me inscrevi em um curso online e estou escolhendo a segunda graduação. Não terminei a primeira pós, falta o artigo final, e já estou de olho na próxima. Cá fujo do assunto de novo.

Conciliar trabalho, estudo, casa, amigos e família não é uma tarefa incomun. Todo mundo passa por isso e passa muito bem, obrigado. O problema é não acabar uma atividade, não concluir e fazer buracos na água.

O nocivo é estar em ação o tempo todo sem concluir tarefa alguma. É ter vários assuntos "meio" resolvidos. Metade da roupa dobrada, metade da unha feita, almoço quase pronto, orações sem profundidade, conversas sem concluir, correria.

Também já fui em duas festas na mesma noite. Um pouco em cada para não descontentar ninguém. Resultado? Não aproveitei nenhuma, cansei e não desfrutei da companhia de nenhuma dos anfitriões.

Não falo de irresponsabilidade. Falo de correria, de metades, de falta de prioridade. Não é deixar trabalho sem concluir, mas deixar pequenas coisas começadas, com saudades de mim.

Depois da conversa com aquela professora, já melhorei bastante. No trabalho também aprendi que se não dou conta, é só avisar. Pedir ajuda e dizer não consigo fazer sozinho é sinal de humildade, ou melhor, de humildade. Aliás, onde trabalho é comum oferecer ajuda e pedir socorro quando a coisa tá apertada. Muito bom! Libertador!

Para encerrar. Humildade e orgulho anda bem pertinho um do outro, tá? A "humildade" em querer abraçar tudo pode ser um sinal de necessidade de aceitação. Em contrapartida, não assumir que não pode ou que não consegue é orgulho. É soberba. E nem sempre ser herói do cotidiano é sinal de vida.

Luisa Neves entrelivrosechimarrão

"Seja a vossa moderação conhecida de todos. Perto está o Senhor". Filipenses 4.5










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