Certa vez saí chateada
de uma aula de Sociologia da Comunicação quando a professora nos explicou a
origem e a cultura do “jeitinho brasileiro”. Expressões, ou melhor, atitudes
como carteiraço, “não faz mal mentir um pouquinho, atrasar um pouquinho,
enganar um pouquinho”, entre outros jeitinhos, viraram características do
brasileiro.
A esperteza, acima da simplicidade
do outro, desperta orgulho nos quatro cantos do país e a malandragem virou
charme. Então, nos alarmamos com a corrupção no governo e nos sentimentos
lesados pela desonestidade daqueles que deveriam atender as necessidades da
população.
Bom. Não era sobre isso
que eu ia escrever. Mas sobre algumas regras valerem para uns e não para
outros. Sabe quando você pergunta: “Quanto é?” E alguém responde: “Pra quem é?”
“Será que podes atender tal dia”? “Depende quem precisa de atendimento”. Todo
mudo se incomoda quando algo precisa ser julgado e a sentença fica a mercê das
personagens da situação e não da justiça. Mas, e se for conosco?
Usar
dois pesos e duas medidas é qualificar uma situação de acordo com a
conveniência dos interessados. A expressão vem dos comerciantes desonestos que
usavam duas balanças e dois metros para negociar.
A
Bíblia critica este comportamento:“Não tenham na bolsa
dois padrões para o mesmo peso, um maior e outro menor. Não tenham em casa dois
padrões para a mesma medida, um maior e outro menor. Tenham pesos e medidas
exatos e honestos, para que vocês vivam muito tempo na terra que o Senhor, o
seu Deus, lhes dá. Pois o Senhor, o seu Deus, detesta quem faz essas coisas,
quem negocia desonestamente.” Dt 25.13-16
Como brasileira,
insisto em dizer que tem brasileiro honesto. Sim. Têm brasileiros que devolvem
o troco, que assumem erros, que pagam as multas que mereceram, que lutam por
igualdade, que não aceitam o que é do outro. Vivemos no mundo da indicação para
o emprego, do ‘alívio’ das penalidades para os conhecidos, entre outros pesos e
medidas diferenciados. Cabe a nos não nos conformarmos e, se possível, fazer
soar o alarme.
Comigo não, violão!
Luisa Neves
Parabéns pelo artigo.
ResponderExcluirEsta padrão cultura está tão arraigado no povo que atitudes desonestas parecem comuns e normais
.
É verdade. Não nos conformemos!
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