segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Dois pesos e duas medidas

Certa vez saí chateada de uma aula de Sociologia da Comunicação quando a professora nos explicou a origem e a cultura do “jeitinho brasileiro”. Expressões, ou melhor, atitudes como carteiraço, “não faz mal mentir um pouquinho, atrasar um pouquinho, enganar um pouquinho”, entre outros jeitinhos, viraram características do brasileiro.

A esperteza, acima da simplicidade do outro, desperta orgulho nos quatro cantos do país e a malandragem virou charme. Então, nos alarmamos com a corrupção no governo e nos sentimentos lesados pela desonestidade daqueles que deveriam atender as necessidades da população.
Bom. Não era sobre isso que eu ia escrever. Mas sobre algumas regras valerem para uns e não para outros. Sabe quando você pergunta: “Quanto é?” E alguém responde: “Pra quem é?” “Será que podes atender tal dia”? “Depende quem precisa de atendimento”. Todo mudo se incomoda quando algo precisa ser julgado e a sentença fica a mercê das personagens da situação e não da justiça. Mas, e se for conosco?

Usar dois pesos e duas medidas é qualificar uma situação de acordo com a conveniência dos interessados. A expressão vem dos comerciantes desonestos que usavam duas balanças e dois metros para negociar. 

A Bíblia critica este comportamento:“Não tenham na bolsa dois padrões para o mesmo peso, um maior e outro menor. Não tenham em casa dois padrões para a mesma medida, um maior e outro menor. Tenham pesos e medidas exatos e honestos, para que vocês vivam muito tempo na terra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá. Pois o Senhor, o seu Deus, detesta quem faz essas coisas, quem negocia desonestamente.” Dt 25.13-16

Como brasileira, insisto em dizer que tem brasileiro honesto. Sim. Têm brasileiros que devolvem o troco, que assumem erros, que pagam as multas que mereceram, que lutam por igualdade, que não aceitam o que é do outro. Vivemos no mundo da indicação para o emprego, do ‘alívio’ das penalidades para os conhecidos, entre outros pesos e medidas diferenciados. Cabe a nos não nos conformarmos e, se possível, fazer soar o alarme.


Comigo não, violão! 

Luisa Neves

2 comentários:

  1. Parabéns pelo artigo.

    Esta padrão cultura está tão arraigado no povo que atitudes desonestas parecem comuns e normais
    .

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