quarta-feira, 19 de junho de 2013

Comer bergamotas embaixo da árvore

Certa vez alguém me perguntou o que é felicidade pra mim. Prontamente respondi: “Felicidade para mim é comer bergamotas embaixo da árvore em um dia ensolarado de inverno”. “Mas só isso, Luisa?” – perguntou-me com espanto a minha inquiridora. Nesse tempo eu estava envolvida em muitas atividades, portanto cansada. Tudo o que eu queria era parar e fazer algo simples. Algo que não exigisse esforço e dedicação. Algo que só faria junto com pessoas bem íntimas (todos sabem o cheirinho que a bergamota deixa nas mãos). Algo que suprisse alguma necessidade e me fizesse sorrir. As bergamotas representam para mim as coisas simples da vida. Vestir abrigo, calçar tênis. Agradecer a rotina. Estar com pessoas queridas. Rir à toa. Contemplar cada dia como um grande presente do Criador. Andar de mãos dadas. Raspar a tigela do bolo. Comprar esmalte novo para completar a coleção. Fazer palavras cruzadas. Talvez a bergamotas da árvore lembrassem minha infância na casa da minha avó. Difícil era esperar a geada vir e amadurecer as coitadas das frutas que eram atacadas por mim e pelos meus primos antes do tempo. E como esconder a “arte” já que o aroma me denunciava? Lembro quando dividia as frutas pelos buraquinhos da cerca com a minha vizinha e “primeira” amiga. O tempo passou depressa desde as bergamotas do pátio da vó Laura. Hoje levo os meus filhos ao supermercado e escolho as frutas para eles. O máximo de trabalho é subir as escadas do prédio com as sacolas e ainda reclamam. Vejam só! As frutas continuam doces, mas o sabor não é o mesmo. Não é mesmo! Estou contando os dias para as férias de julho. O merecido descanso dos trabalhos da faculdade. Que tempo especial! Tomar chimarrão no sol da pracinha com as crianças, passear com minhas irmãs, namorar. Estar com amigos preciosos, ler muitos livros, buscar mais a Deus. E as bergamotas? Estão nas bergamoteiras esperando por nós. Boas férias!

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